quarta-feira, 8 de maio de 2013

Entrevista com Eliana Santiago


Entrevista com: Eliana Santiago G.Edmundo 


Mestre em Estudos Linguísticos pela UFPR(2010); especialista em informática na Educação pelo IBPEX(2011); graduada em Letras Português/Inglês pela UNIB(1987) e em Pedagogia pela UEPG(2012). Atualmente é professora de Inglês na Educação Básica, em Escola da Rede Pública de Ensino do Paraná, ministra aulas de Língua Inglesa e de Prática de Ensino de Língua Estrangeira na FACEL, presta serviços de assessoria pedagógica para uma editora de material didático e para a Secretaria de Estado da Educação, é integrante dos grupos de pesquisa:`Identidade e Leitura`da UFPR e `Novos letramentos, multiletramentos e o Ensino de Línguas Estrangeiras`, da USP e está cursando pós-graduação lato sensu em Língua e Tradução de Inglês na UGF.

1. Como a senhora vê o futuro da educação no Brasil?

Vejo com uma instituição social (como tantas outras) que precisa de mudanças, por múltiplas razões que se somam. Algumas delas são: [a] o fato de que a dotação orçamentária para a educação é irrisória e não permite grandes realizações; [b] parece não existir efetivo interesse do Estado na educação do povo – pois fatalmente viria acompanhada de sua politização; [c] o Brasil é um país de dimensões continentais, com culturas regionais que demandam entendimentos e atendimentos específicos, definidos contextualmente; [d] o material de apoio (livros, bibliotecas, computadores, etc) não tem a qualidade que a educação demanda e não considera as necessidades locais. Acrescento, ainda, [e] que as políticas públicas para a educação nem sempre servem aos interesses da sociedade, e da forma como se apresentam, prejudicam a construção de um projeto voltado para uma educação transformadora em nosso país.

2. O que lhe fez escolher a profissão de professora num país que não valoriza esses profissionais?

Sou filha de professora – e hoje mãe de professora, também! – o que mostra que o ambiente em que fui criada exerceu forte influência em minha escolha. Na verdade, a escolha não é assim tão importante. O que conta é que, com a escolha feita, é preciso mergulhar com intensidade na profissão, seja qual for, procurando encontrar e dar a qualidade que a eleição feita merece. Os desafios que a vida profissional apresenta constituem um estímulo forte e importante para que o crescimento aconteça no âmbito pessoal, profissional e institucional. Vejo-me sempre desafiada e em busca de conhecimento que possam me ajudar a melhor entender o ensino e o processo de aprendizagem. Por exemplo, depois de tanto tempo no magistério, após a realização de cursos de pós-graduação (especialização e mestrado), decidi fazer o curso de pedagogia. Era um sonho antigo e hoje posso dizer que este curso contribui significativamente na formação de um educador.

3. Como a senhora avalia o ensino de Língua Inglesa no Brasil?

Tenho uma vivência de 25 anos nessa atividade, convivendo com muita gente, vendo muita coisa, aceitando muita coisa e duvidando de muita coisa. O letramento crítico, que hoje é uma perspectiva que responde a algumas das minhas inquietações, me faz ver o ensino de LE – aí incluída a língua inglesa – de uma forma diferente, porque o que conta é a interpretação, e com ela, a construção de sentidos e a expressão numa língua que não a nativa, independentemente da forma com que isso aconteça. Os purismos acadêmicos que exigem a fala perfeita, já não encontram espaço num mundo onde impera a tecnologia e a velocidade conta muito e tem peso muito mais importante. Comunicar é o que conta – e se isso puder ser feito da forma mais elaborada, ótimo. Mas se não, que a comunicação aconteça de outra forma, adquirindo contornos mais específicos com o tempo.

4. Qual é a mensagem principal de seu livro para os leitores?

Quem sabe a mensagem principal seja a de que o conhecimento de uma LE é muito importante, e que o ensino do idioma num espaço que seja significativo para alunos e professores contribui para a construção de saberes de forma partilhada, em que todos se sintam agentes do processo.

5. Deixe uma dica para os alunos de hoje, que amanhã serão professores.

Acho que a dica mais importante é no sentido de que os alunos de hoje, professores do amanhã, prestariam um grande serviço ao ensino de LE, e ao processo educativo como um todo, abdicando da condição de transmissores de conhecimento para atuarem como facilitadores voltados para o aprendizado. Aprendizado dos alunos e deles, professores, porque não se pode mais aceitar os saberes como algo pronto, estático, universal. O saber é construído socialmente e, portanto, é parcial, transitório. Logo, o diálogo, a interação, a reflexão, a pesquisa precisam estar presentes na sala de aula para que alunos e professores possam analisar, discutir e produzir conhecimento. 

 *Agradeço a professora pela entrevista: Fernando Ribeiro- Letras

Um comentário:

  1. Tenho orgulho de você professora, e o meu pesar é não ter tido depois do segundo semestre do curso, aí sim minha evolução aconteceria.O mais importante é ter tido como minha professora. Beijos, Ester

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